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Obaluaiyê ou Omolu

  • Foto do escritor: Iyá Julia ty Yeye Omo Ejá
    Iyá Julia ty Yeye Omo Ejá
  • 30 de mai. de 2018
  • 6 min de leitura

Atualizado: 31 de mai. de 2018

Obaluaiyê, Obaluwaye Omolu ou Xapanã é o orixá da varíola e das doenças contagiosas, ele também é responsável pela catalepsia, epilepsia e pela convulsão. É ligado simbolicamente ao mundo dos mortos.

Obaluàyé é um termo iorubá que significa "rei e senhor da terra": Oba (rei) + Aiye (terra). Também é conhecido como Babá Igbona = pai da quentura). Outra corrente o define como: Obàluáyê: Obá - ilu; aiye; rei, dono, senhor da vida na terra; Omolu; Omo-ilu; rei, dono, senhor da vida. Obaluaye é identificado no jogo do merindilogun pelos odus Irosun, Ossá, Êjilobon e representado materialmente e imaterial no candomblé através do assentamento sagrado denominado igba obaluaye.

Normalmente, quando um médium ou filho de santo o incorpora no terreiro, tem sua cabeça coberta por um pano da costa em sinal de tradição e respeito, pois o orixá geralmente nunca mostra o rosto em razão de suas feridas.

Conforme a mitologia Iorubá, Obaluaiê é filho de Nanã e Oxalá, tendo nascido cheio de feridas e de marcas pelo corpo como sinal do erro cometido por ambos, já que Nanã seduzira Oxalá, mesmo sabendo que ele era interditado por ser o marido de Iemanjá.


Pintura que representa Omolu, Obaluaiyê ou Xapanã

Ao ver o filho feio e malformado, coberto de varíola, Nanã o abandonou à beira do mar, para que a maré-cheia o levasse. Iemanjá o encontrou quase morto e muito mordido por caranguejos, e, tendo ficado com muita pena, cuidou dele até que ficasse curado. No entanto, Obaluaiê ficou marcado por cicatrizes em todo o corpo, tão feias que o obrigavam a cobrir-se inteiramente com palhas. Não se via de Obaluaiê senão suas pernas e braços, onde não fora tão atingido. Aprendeu com Iemanjá e Oxalá como curar estas graves doenças.


Itan


Um dia, caminhando pelo mundo, sentiu fome e pediu às pessoas de uma aldeia por onde passava que lhe dessem comida e água. Mas as pessoas, assustadas com o homem coberto desde a cabeça até os pés com palhas, expulsaram-no da aldeia e não lhe deram nada. Obaluaiê, triste e angustiado, saiu do povoado e continuou caminhando pelos arredores, observando as pessoas. Durante este tempo, os dias esquentaram, o sol queimou as plantações, as mulheres ficaram estéreis, as crianças cheias de varíola e os homens doentes. Acreditando que o desconhecido coberto de palha amaldiçoara o lugar, imploraram seu perdão e pediram que ele novamente pisasse na terra seca.

Ainda com fome e sede, Obaluaiê atendeu ao pedido dos moradores do lugar e novamente entrou na aldeia, fazendo com que todo o mal acabasse. Então homens os alimentaram e lhe deram de beber, rendendo-lhe muitas homenagens. Foi quando Obaluaiê disse que jamais negassem alimento e água a quem quer que fosse, tivesse a aparência que tivesse.


Sua dança, o opanijé (cuja tradução é: "ele mata qualquer um e come"), nela dança curvado para frente, como que atormentado por dores, e imita seu sofrimento, coceiras e tremores de febre.

Tem, como emblema, o xaxará (Sàsàrà), espécie de cetro de mão, feito de nervuras da palha do dendezeiro, enfeitado com búzios e contas, em que ele capta das casas e das pessoas as energias negativas, bem como "varre" as doenças, impurezas e males sobrenaturais. Esta representação nos mostra sua ligação a terra. Na Nigéria, os Owo Érindínlogun adoram Obàluáyê e usam, no punho esquerdo, uma tira de Igbosu (pano africano) onde são costurados cauris esó (búzios).

É composta de duas partes: o "filá" e o "azé". A primeira parte, a de cima, que cobre a cabeça, é uma espécie de capuz trançado de palha da costa, acrescido de palhas em toda sua volta, que passam da cintura.

O azé, seu asó-ìko (roupa de palha), é uma saia de palha da costa que vai até os pés em alguns casos. Em outros, acima dos joelhos, por baixo desta saia, vai um xokotô, espécie de calça, também chamado "cauçulu", em que oculta o mistério da morte e do renascimento. Nesta vestimenta, acompanham algumas cabaças penduradas, onde supostamente carrega seus remédios. Ao vestir-se com ìko e cauris, revela sua importância e ligação com a morte.

Outra explicação para o uso do azé é; O capuz de palha-da-costa-aze (aze) cobre o rosto de Obaluaiê para que os seres humanos não o olhem de frente (já que olhar directamente para o próprio sol pode prejudicar a visão). A história de Omolú explica a origem dessa roupa enigmática, que possui um significado profundo relacionado à vida e à morte. O aze guarda mistérios terríveis para simples mortais, revela a existência de algo que deve ficar em segredo, revela a existência de interditos que inspiram cuidado medo, algo que só os iniciados no mistério podem saber. Desvendar o aze, a temível máscara de Omolú, seria o mesmo que desvendar os mistérios da morte, pois Omolú venceu a morte. Debaixo da palha-da-costa, Obaluaiê guarda os segredos da morte e do renascimento, que só podem ser compartilhados entre o iniciados.

A festa anual é o Olubajé (Comida do rei senhor). São feitas e distribuídas no mínimo nove iguarias da culinária afro brasileira (comida ritual), seus "filhos" devidamente "incorporados" e paramentados oferecem aos convidados e assistentes, em folhas de mamona ilará ou bananeira (aguede), no sentido de prolongar a vida e trazer saúde .

Tido como filho de Nanã, no Brasil, sua origem, forma, nome e culto na África é bastante variado, de acordo com a região, essa variação de nomes é de conformidade com a região, Obàluáyê/Xapanã em Tapá (nupê) chegando ao território Mahi ao norte do Daomé; Sapata é sua versão fon, trazido pelos nagôs na cidade de Savalu, Benin. Em alguns lugares se misturam, em outros são deuses distintos, confundido até com Nànà Buruku; Omolu em Queto e Abeokuta.

Seu parentesco com Iroko é observado em Queto (vindo de Aise segundo uns e Adja Popo segundo outros), onde pode se ver uma lança (oko Omolu) cravada na terra, esculpida em madeira onde figuram esses três personagens superpostos. Também em Fita, próximo de Pahougnan, território Mahi, onde o rei Oba Sereju recebera o fetiche Moru, três fetiches ao mesmo tempo Moru (Omolu), Dan (Oxumare) e seu filho Loko (Iroko).


Sete folhas mais usadas para Obaluaiyê

Yoruba

Venerado pelos povos Yoruba, é geralmente chamado Shopona e dizem ter domínio sobre a Terra e varíola. Ele exige respeito e gratidão, mesmo quando ele reivindica uma vítima, e por isso as pessoas às vezes o honram com o nome de louvor Alápa-dúpé, que significa "Aquele que mata e é agradecido por isso". Em uma história normalmente contada, Shopona era velho e coxo. Ele participou de uma festa no palácio de Obatalá, o pai dos orixás. Quando Shopona tentou dançar, ele tropeçou e caiu. Todos os outros orixás riram dele, e ele, por sua vez tentou infectá-los com a varíola. Obatalá o deteve e o levou para o mato, onde viveu como um rejeitado desde então.

Fon

Venerado pelo povo Fon, o Vodun é chamado Sakpata. Ele é dono da Terra e tem fortes associações com a varíola e outras infecções. Sua adoração é muito diversificada em comunidades Fon, onde muitas manifestações distintas do Vodun são veneradas. Porque os mortos são enterrados na Terra, a manifestação chamada Avimadye é considerado o chefe dos antepassados.

Ewe

Venerado pelo povo Ewé, há uma figura semelhante com o nome de louvor Anyigbato que está intimamente associado com a doença e os povos deslocados. Acredita-se a vagar a terra na noite, vestindo uma roupa de chocalho de conchas de caracol; as conchas de caracol são também uma característica fundamental do seu fetiche.

Como comprovam os vulcões em erupção, domina as camadas mais profundas do planeta.

È preciso esclarecer, no em tanto, que Omolú está ligado ao interior da terra (ninù ilé) e isso denota uma íntima relação com o fogo, já que esse elemento, como comprovam os vulcões em erupção, domina as camadas mais profundas do planeta.

Toda a reflexão em torno de Omolú ocorreu colocando-o como um orixá ligado à terra, o que é correcto, mas não deixa de ser um erro desconsiderar a sua relação com o fogo do interior da terra, com as lavas vulcânicas, como os gases etc. o que pode ser mais devastador que o fogo? Só as epidemias, as febres, as convulsões lançadas por Omolú!

A relação de Omolú com a morte dá-se pelo facto de ele ser a terra, que proporciona os mecanismos indispensáveis para a manutenção da vida. O homem nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua frágil diante de Omolú, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolú é a terra, que vai consumir o corpo do homem por ocasião da sua morte.

Obaluaiê andou por todos os cantos de África, muito antes, inclusive, de surgirem algumas civilizações. Do ponto de vista histórico, Omolú é a idade anterior à Idade dos Metais, peregrinou por todos os lugares do mundo, conheceu todas as dores do mundo, superou todas. Por isso Omolú se tornou médico, o médico dos pobres, pois, muito antes da ciência, salvava a vida dos necessitados; durante a escravidão, só não pôde superar a crueldade dos senhores, mas de doenças livrou muitos negros e até hoje muitos pobres só podem recorrer a Omolú que nunca lhes falta.


COMIDAS:

  • Pipoca (deburu),

  • Abado,

  • Mostarda (latipá),

  • Aberém.

Ele é o senhor que pode afligir o mundo com pestes e doenças. Pode afligir a Terra e devastar como o fogo. Pode afligir o despertar e o adormecer. Ele é Ajagunán.


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