Osumarê
- Iyá Julia ty Yeye Omo Ejá
- 31 de mai. de 2018
- 8 min de leitura
Oxumare, Oxumaré ou Exumarê é o orixá do arco-íris dentro da mitologia yorubá. Liga o céu à terra. Corresponde ao Vodun Dan da cultura jeje.
"Oxumarê" é originário do vocábulo "Oṣùmàrè", cuja tradução é "arco-íris", em língua yorubá.
É a cobra-arco-íris. Em nagô, é a mobilidade, a atividade. Uma de suas funções é a de dirigir as forças que dirigem o movimento. Ele é o senhor de tudo que é alongado. O cordão umbilical que está sob o seu controle, é enterrado, geralmente com a placenta, sob uma palmeira que se torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde dependerá da boa conservação dessa árvore.
Ele representa também a riqueza e a fortuna, um dos benefícios mais apreciados no mundo dos iorubás. Em alguns pontos, se confunde com o vodun Dan da região dos Mahi.
É o símbolo da continuidade e da permanência. Algumas vezes, é representado por uma serpente que morde a própria cauda. Oxumarê é um orixá completamente masculino, porém algumas pessoas acreditam que ele seja macho e fêmea. Porém o orixá feminino que se iguala a Oxumarê é Ewá, sua irmã gêmea, que tem domínios parecidos com o dele. Enrola-se em volta da terra para impedi-la de se desagregar. Rege o princípio da multiplicidade da vida, transcurso de múltiplos e variados destinos.
De múltiplas funções, diz-se que é um servidor de Xangô, que seria encarregado de levar as águas da chuva de volta para as nuvens através do arco-íris.
É o segundo filho de Nanã, irmão de Osanyin, Ewá e Obaluayê, que são vinculados ao mistério da morte e do renascimento. Seus filhos usam colares de búzios entrelaçados formando as escamas de uma serpente que têm o nome de brajá. Usam, também, o lagdigbá, como Nanã e Omolu.

Primeira História sobre o nascimento de Oxumaré
Apesar do desentendimento entre Nanã e Oxalá devido ao abandono de Omulu, seu filho que nasceu com chagas, o casal gerou mais uma criança dessa vez Oxumaré. Mas devido a praga jogada em Nanã, Oxumaré também nasceu com problemas de formação, sem braços e pernas, como uma serpente, ele rastejava pelo chão como o réptil, mas a sua forma era humana. Mais uma vez decepcionada, Nanã abandonou seu filho.
Ao contrário de Omulu, Oxumaré não precisou da ajuda de ninguém para se manter, muito ágil e sábio o Orixá logo aprendeu a sobreviver caçando, nadando e subindo em árvores quando preciso. Ele até plantava sua comida favorita, a batata doce. Orunmilá, o Orixá da profecia, observou o menino e se apiedou do garoto, o tornou um dos Orixás mais belos e o encarregou de levar e trazer as águas dos céus ao palácio de Xangô. Por esse motivo é que pedimos a Oxumaré por chuvas.
Segunda História sobre o nascimento de Oxumaré
Há outro mito que diz que quando Nanã engravidou, Orunmilá a visitou e disse para ela não se preocupar, pois o seu filho nasceria perfeito, na verdade seria um dos Orixás mais belos. Mas como castigo pelo seu ato com Omulu, ela nunca conseguiria viver ao lado do filho, pois ele seria muito ativo e não se apegaria a ninguém facilmente.
Itan
Oxumaré era, antigamente, um adivinho (babalaô). O adivinho do rei Oni.
Sua única ocupação era ir ao palácio real no "dia do segredo"; dia que dá início à semana de quatro dias dos iorubas.
O rei Oni não era um rei generoso. Ele dava apenas, a cada semana, uma quantia irrisória a Oxumaré que, por esta razão, vivia na miséria com a sua família.
O pai de Oxumaré tinha um belo apelido. Chamavam-no "o proprietário do xale de cores brilhantes".
Mas, tal como seu filho, ele não tinha poder. As pessoas da cidade não o respeitavam.
Oxumaré, magoado com esta triste situação, consultou Ifá.
"Como tomar-se rico, respeitado, conhecido e admirado por todos?"
Ifá o aconselhou a fazer oferendas. Disse-lhe que oferecesse uma faca de bronze, quatro pombos e
quatro sacos de búzios da costa.
No momento que Oxumaré fazia estas oferendas, o rei mandou chamá-lo. Oxumaré respondeu:
"Pois não, chegarei tão logo tenha terminado a cerimônia".
O rei, irritado pela espera, humilhou Oxumaré, recriminou-o e negligenciou, até, a remessa de seus pagamentos habituais. Entretanto, voltando à sua casa, Oxumaré recebeu um recado: Olokum, a rainha de um país vizinho, desejava consultá-lo a respeito de seu filho, que estava doente. Ele não podia manter-se de pé, caía, rolava no chão e queimava-se nas cinzas do fogareiro.
Oxumaré dirigiu-se à corte da rainha Olokum e consultou Ifá para ela. Todas as doenças da criança foram curadas. Olokum, encantada com este resultado, recompensou Oxumaré. Ela ofereceu-lhe uma roupa azul, feita de um rico tecido. Ela deu-lhe muitas riquezas, servidores e um cavalo, com o qual Oxumaré retomou à sua casa, em grande estilo. Um escravo fazia rodopiar um guarda-sol sobre a sua cabeça e músicos cantavam seus louvores.
Oxumaré foi saudar o rei. O rei Oni ficou surpreso e disse-lhe:
"Oh! De onde vieste? De onde saíram todas estas riquezas?"
Oxumaré respondeu-lhe que a rainha Olokum o havia consultado.
"Ah! Foi então Olokum que fez tudo isto por você!"
Estimulado pela rivalidade, o rei Oni ofereceu a Oxumaré uma roupa do mais belo vermelho, acompanhada de muitos outros presentes. Assim, Oxumaré tomou-se rico e respeitado.
Entretanto, Oxumaré não era amigo de Chuva. Quando Chuva reunia a nuvens, Oxumaré agitava sua faca de bronze e a apontava em direção ao céu, como se riscasse de um lado a outro. O arco-íris aparecia e Chuva fugia. Todos gritavam: "Oxumaré apareceu!" Oxumaré tomou-se muito célebre.
Nesta época, Olodumaré, o deus supremo, aquele que estende a esteira real em casa e caminha na chuva, começou a sofrer da vista e nada mais enxergava. Ele mandou chamar Oxumaré e o mal dos seus olhos foram curados. Depois disto, Olodumaré não deixou mais que Oxumaré retomasse à Terra.
Desde este dia, é no céu que ele mora e só tem permissão de visitar a Terra a cada três anos. É durante estes anos que as pessoas tornam-se ricas e prósperas.
E fim! hehehe... O que acharam?? Muito legal, não é mesmo?!
Não sei se algum de vocês já chegou a fazer esta associação, mas o símbolo da medicina tem uma cobra, não é mesmo?! Pois é... curioso, não?!
Oxumarê ou Òsùmàrè, é o Orixá do movimento, das riquezas, do arco íris, da chuva, dos ciclos, renovação, senhor dos opostos, dos antônimos, da continuidade, representa o que não tem fim, aquilo que se renova, por isso um dos seus símbolos é a troca de pele das cobras. Filho de Nanã Buruquê, irmão de Abaluaiê e irmão gêmeo de Ewá, assim como demais Voduns, sim, esses Orixás eram de outro panteão, dos daoemeanos, mas acabaram se agregando aos Yourubás, principalmente nos países colonizados. Quando houve o trafego de negros para as colonias, foram trazidos escravos de varias regiões da Africa, quando unificaram a religião no Brasil, uniram principais entidades, formando um só panteão, com 16 Irunmáles (entidades da criação que cuidam do Universo a mando de Olodumarê) principais.

É a única divindade que traz em seu nome a raiz do nome de OLODUNMARÊ, o Criador - o sufixo MARÊ significa "Aquele que sempre é",
OXUMARÊ O SENHOR DO ARCO IRIS.
É a única divindade que traz em seu nome a raiz do nome de OLODUNMARÊ, o Criador - o sufixo MARÊ significa "Aquele que sempre é", "Aquele que tem autoridade sobre tudo o que há no céu e na terra e é incomparável", "Aquele que é absolutamente perfeito", "Supremo em qualidades".
Ao sufixo MARÊ, acrescente-se o prefixo EXU ou OXU. Qualquer uma das formas é igualmente designada para chamá-lo. Se adotarmos o prefixo EXU, significando princípio dinâmico de realização, temos OXUMARÊ como o detentor de um princípio dinâmico de realização que tem autoridade, ou ação, sobre tudo o que há no céu e na terra; que sempre existiu, existe e existirá, num conceito de eternidade muito próprio dos Iorubás, para quem o fim do mundo é inconcebível.
O significado do nome EXUMARÊ referencia diretamente o próprio papel desse EBORA, na manifestação e execução do projeto de OLODUNMARÊ, através do qual o axé se esparrama pela terra, enquanto poder de realização, garantindo através de EXUMARÊ os ciclos em que se operam cada etapa de transformações inerentes ao ritmo da vida, em seu movimento bipolar de fluxo e refluxo, a garantir a continuidade da existência.
Nos dizeres de um provérbio Iorubá: KI LO YO LOJU ORUN, ESUMARE YO LOJU ORUN, ou seja, "O que aparece nos olhos de DEUS? EXUMARÊ aparece nos olhos de DEUS".
Esse significado de dinâmica da transformação através dos ciclos, da mesma forma é encontrado ao utilizarmos o prefixo OSU no nome de EXUMARÊ. OSU, em tradução isolada significa mês, definidor de um ciclo de semanas ou, mais apropriadamente, de um ciclo lunar, outro derivativo de OSU, OSUPA - Lua, onde estão novamente presentes ciclos, os lunares - lua cheia, quarto minguante, lua nova e quarto crescente - definindo o fluxo e refluxo das marés, pelos quais orienta-se a pesca e a caça.
Em alguns lugares da África através de OXUMARÊ é cultuado OLOJO, o Senhor do Tempo, cujas oferendas somente são oferecidas após manifestação de OXUMARÊ e para o qual são reservadas as saudações :
OLOJO ONI, IBA O O! "Senhor do Tempo, eu te saúdo!" ou "Senhor de hoje, deste momento, eu te saúdo!". Como se os ciclos fossem gênero do qual o tempo é espécie, ou apenas medida.
Entre os Iorubas, simbolicamente OXUMARÊ é representado pela chuva e sol simultâneos, acontecimento sinônimo de extrema fertilidade da terra, justificando a afirmação de estar o axé de OLODUNMARÊ se esparramando por sobre a terra através de OXUMARÊ .
No Brasil, a primeira imagem desse fenômeno é o arco-íris, justamente resultante da refração da luz do sol sobre a chuva, de fácil associação abstrata, de significado mais prático, associado ao seu produto imediato, a fertilidade, o poder de realização no germinar da semente, cuja importância fica transparente em outro ditado Ioruba:
OJO N’RO O, OORUN IRO, IJO NA LEKUN ME BE, ou seja, "Faz chuva, faz sol, hoje o leão vai procriar".
O conteúdo simbólico do arco-íris, porém, não se esvazia frente a importância do significado prático da explicação do fenômeno. Pelo contrário, tem sua qualidade evidente com a visualização desse arco-íris como ligação entre o aiye e o orun.
O processo pode ser descrito como a formação de um círculo onde, em semicírculo, sai da terra, toca o céu e retorna à terra, continuando em direção ao seu centro, em outro semi-círculo, até sair novamente em direção ao céu, quando então acaba por completar um círculo.
Círculo como aquele formado pela cobra que morde seu próprio rabo, outro símbolo de OXUMARÊ, círculo demarcador de ciclos, desde o aproveitamento da água da chuva, condutora dos nutrientes minerais da terra, até o ciclo da vida, num processo que se origina no orun, se realiza no aiye e cuja morte fornece à terra a realimentação do sistema, produzindo matéria prima capaz de gerar novas vidas.
Um Itan ODU que relata a chegada dos ORISA e EBORA ao aiye nos diz que OXUMARÊ chega ao mundo visível trazido pelo ODU OGBE OYEKU.
Este ODU é composto pelos ODU EJIOGBE e OYEKU. Enquanto EJIOGBE está associado ao dia, ao elemento masculino, à luz e ao mundo dos vivos, OYEKU está associado à noite, ao elemento feminino, às trevas e ao mundo dos mortos.
Isso, sem dúvida, vem confirmar a associação de OXUMARÊ aos ciclos, à bipolaridade e ao fluxo de transformações. Talvez esteja nesta bipolaridade a explicação para o fato de OXUMARÊ, no Brasil, ser visto como de dupla sexualidade, ora masculino, ora feminino, confundindo-se desta forma gênero (masculino/feminino) com sexualidade.
Na África, ao se encontrar pequena partícula de uma pedra constituída do metal mercúrio misturada a outros minerais, principalmente ferro, essa pedra é colocada na água parada onde dispara em movimento oscilatório ondular, avermelhando a água e mimetizando o movimento da cobra.
Esse fenômeno é chamado de EMI-OXUMARÊ e considera-se o momento natural da presença de OXUMARÊ na terra. Isso é visto com muita alegria e reverência, sendo utilizado em trabalhos para atrair progresso para as pessoas.
É importante ressaltar ainda outro fator significativo a respeito de OXUMARÊ.
Em algumas regiões da África ele é considerado como uma qualidade de OMOLU e assim chamado JAWE, em outras OXUMARÊ é considerado filho de OMOLU. Em qualquer das situações não podemos deixar de considerar que a tradução do nome de OMOLU é "o filho do Senhor", trazendo mais uma vez a idéia de uma relação particularmente especial de OXUMARÊ com OLODUNMARÊ.
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