Oxossi
- Iyá Julia ty Yeye Omo Ejá
- 20 de mar. de 2018
- 5 min de leitura
Atualizado: 30 de mai. de 2018
Òsòósí é o Òrisá da caça, mas também da agricultura.
Ele é sem duvidas um dos Òrisá mais queridos no Brasil. E quais seriam as explicações para populacidade desse Òde nessa terras?
Na chegada de Òsòósí no Brasil, foi atribuído a ele um enorme poder. Essa historia remonta a formação do culto dos Òrisás no Brasil como religião. No candomblé, Òsòósí é Onílè ( o senhor da terra ), título que atravessou o Atlântico, tendo em vista que em Ketu, hoje situado na Republica de Benin, onde ele era patrono da mais importante família real, a Aro. Vale ressaltar que foi o nome dessa família que deu origem a saudação desse Òrisá Òkè Aro! ( Oh grande Aro! ).
Foi através do caminho/ qualidade de Ode Oni Pòpò ( Caçador Rei dos Popos ), que Òsòósí se tornou a primeira divindade ioruba a ser cultuada no Brasil, no bairro da Barroquinha, Salvador-BA, sob a tutela de Iyá Adetá, sacerdotisa da família de Aro, a qual teria iniciado o culto a esse Òrisá em terras brasileiras.

Devemos lembrar também que essa divindade esta ligada a prosperidade e a fartura.
Sendo ele o provedor mitológico da caça, alimento essencial para os antigos iorubás, devido a cultura ocidental capitalista, esse Òrisá foi associado a riqueza de dinheiro.
Òsòósí protege os trabalhadores, que sustentam e provem as necessidades de sua famílias. Osòósí esta presente sempre em nossas refeições, devemos agradecer pelo alimento que temos em nossa mesa.
O culto de Òsòósí foi praticamente extinto na região de Ketu, na Iorubalândia, uma vez que a maioria de seus sacerdotes foi escravizada, tendo sido enviados à força para o Novo Mundo ou mortos. Aqueles que permaneceram em Ketu deixaram de cultuá-lo por não se lembrarem mais como realizar os ritos apropriados ou por passarem a cultuar outras divindades.
Durante a diáspora negra, muitos escravos que cultuavam Oxóssi não sobreviveram aos rigores do tráfico negreiro e do cativeiro, mas, ainda assim, o culto foi preservado no Brasil e em Cuba pelos sacerdotes sobreviventes e Oxóssi se transformou, no Brasil, num dos orixás mais populares, tanto no candomblé, onde se tornou o rei da nação Ketu, quanto na umbanda, onde é patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da religião.
O Nome
O nome Òsòósí é uma derivação linguística da palavra Òsòwusí ( o guarda noturno é popular ). Tendo em vista de só os Odés era permitido o uso de armas para defender a cidade. O Itan (mito) explica a origem;

Em tempos distantes, Odùdùwa, Rei de Ifé, diante do seu Palácio Real, chefiava o seu povo na festa da colheita dos inhames. Naquele ano a colheita havia sido farta, e todos em homenagem, deram uma grande festa comemorando o acontecido, comendo inhame e bebendo vinho de palma em grande fartura. De repente, um grande pássaro, pousou sobre o Palácio, lançando os seus gritos malignos, e lançando farpas de fogo, com intenção de destruir tudo que por ali existia, pelo fato de não terem oferecido uma parte da colheita as feiticeiras Ìyamì Òsóróngà. Todos se encheram de pavor, prevendo desgraças e catástrofes. O Rei então mandou buscar Osotadotá, o caçador das 50 flechas, em Ilarê, que, arrogante e cheio de si, errou todas as suas investidas, desperdiçando suas 50 flechas. Chamou desta vez, das terras de Moré, Osotogi, com suas 40 flechas. Embriagado, o guerreiro também desperdiçou todas suas investidas contra o grande pássaro. Ainda foi, convidado para grande façanha de matar o pássaro, das distantes terras de Idô, Osotogum, o guardião das 20 flechas. Fanfarrão, apesar da sua grande fama e destreza, atirou em vão 20 flechas, contra o pássaro encantado e nada aconteceu. Por fim, todos já sem esperança, resolveram convocar da cidade de Ireman, Òsotokànsosó, caçador de apenas uma flecha. Sua mãe, sabia que as èlèye viviam em cólera, e nada poderia ser feito para apaziguar sua fúria a não ser uma oferenda, uma vez que três dos melhores caçadores falharam em suas tentativas. Ela foi consultar Ifá para Òsotokànsosó. Os Babalaôs disseram para ela preparar oferendas com ekùjébú (grão muito duro), também um frango òpìpì (frango com as plumas crespas), èkó (massa de milho envolta em folhas de bananeira), seis kauris (búzios). A mãe de Òsotokànsosó fez então assim, pediram ainda que, oferecesse colocando sobre o peito de um pássaro sacrificado em intenção e que oferecesse em uma estrada, e durante a oferenda recitasse o seguinte: “Que o peito da ave receba esta oferenda”. Neste exato momento, o seu filho disparava sua única flecha em direção ao pássaro, esse abriu sua guarda recebendo a oferenda ofertada pela mãe do caçador, recebendo também a flecha certeira e mortal de Òsotokànsosó. Todos após tal ato, começaram a dançar e gritar de alegria: “Osò wusí" ( o guarda noturno é popular ).


Osòósí Ibualama (ou Odé Ibo) marido de Oxum Ipondá e pai de Logunedé. Como os demais Osòósí , é caçador, rei de Ketu e usa ofá (arco e flecha). Conhecido também como Erinlé ou Inlé, é certamente um dos caminhos/ qualidades mais interessante desse Òrisá.
Òrisá tanto das matas quanto das águas, o culto a esse Òrisá e feito ao redor do Rio Erinlè, afluente do Rio Òsun, que atravessa a cidade de Òlòóbu ( Ìlú òbu ou cidade de Òbú que um tipo de giz nativo, éFun, comestível usados como tempero, um dos principais temperos antes antes do sal). Ele é a divindade padroeira dessa cidade, onde dois cultos teria se misturado, o culto ao rio e aos caçador de elefantes, que em diversas ocasiões teria vindo ajudar os habitantes da cidade a combater os adversários.
Erinlé quer dizer "Terra de Elefantes", ( erin = elefante / ilé = terra ).

Existem muitas mulheres ancestrais, entre elas haviam três irmãs, três Iya Mi. Eram elas: Mepere, Bokolo e Bambá. Estas três Iya Mi fizeram um pacto, elas juraram jamais engravidar, nunca iriam gerar vidas. Porem, Bambá conheceu Orisa Okô o Senhor da agricultura, se apaixonou e com ele teve um filho. O filho de Bambá se chamou Odé Erinlé, o caçador de elefantes.
Os títulos de Òsòósí
Òlódè -> Senhor da caça
Obá Igbó -> Rei da floresta
Áláketu -> Rei de Ketu
Òsòósí é a expansão dos limites, do seu campo de ação, enquanto a caça é uma metáfora para o conhecimento, a expansão maior da vida. Ao atingir o conhecimento, Òsòósí acerta o seu alvo. Por este motivo, é um dos Orixás ligados ao campo do ensino, da cultura, da arte. Nas antigas tribos africanas, cabia ao caçador, que era quem penetrava o mundo "de fora", a mata, trazer tanto a caça quanto as folhas medicinais. Além, eram os caçadores que localizavam os locais para onde a tribo poderia futuramente mudar-se, ou fazer uma roça. Assim, o orixá da caça extensivamente é responsável pela transmissão de conhecimento, pelas descobertas. O caçador descobre o novo local, mas são os outros membros da tribo que instalam a tribo neste mesmo novo local. Assim, Òsòósí representa a busca pelo conhecimento puro: a ciência, a filosofia. Enquanto cabe a Ogum a transformação deste conhecimento em técnica.
Apesar de ser possível fazer preces e oferendas a Oxóssi para os mais diversas facetas da vida, pelas características de expansão e fartura desse orixá, os fiéis costumam solicitar o seu auxílio para solucionar problemas no trabalho e desemprego. Afinal, a busca pelo pão de cada dia, a alimentação da tribo, costumeiramente cabe aos caçadores.
Por suas ligações com a floresta, pede-se a cura para determinadas doenças e, por seu perfil guerreiro, proteção espiritual e material. É o senhor da inteligência, do conhecimento, da sabedoria e da curiosidade. Dizem os mais antigos que Òsòósí é o único orixá que conhece o segredo do mundo fora os Funfuns e Onilé, pois quebrou todos os tabus do mundo. Por isso, nada passa desapercebido por Òsòósí.
Ervas
Eucalipto macho;
Milho (Àgbàdó);
Coqueiro ( Àgbon);
Murici (Akeri);
São Gonçalinho (Alékèsì);
Visgueiro (Andará);
Pinhão Branco (Bòtujè Funfun);
Rama-de-leite ou Cipó-de-leite (Ewé Ogbó);

Malva-rosa (ÌlasaOmodé);
Carqueja (Kànérì);
Jurubeba (Kisikisi);
Capim-limão (Koríko Oba);
Araçá;
Cipó-Caboclo;
Espinheira-Santa;
Juremeira;
Calancoê (Tapete-de-Oxoce);
Cebolinha;
Salsa;
Crótom;
Samambaia-de-caboclo;
Erva-de-Passarinho (Àfòmón)

Comidas
Axoxô – milho com fatias de coco,
Frutas
Carne de caça,
Taioba,
Ewa - feijão fradinho torrado na panela de barro,
Papa de coco
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